Jonathan Yeap
“Deus está vazio
de todas
as suas obras”
A humanidade tem necessidade de rituais de passagem, desse simbólico que torna o mesmo de sempre, como a passagem dos segundos nesta noite, em algo que aponta novidade. Com mais ou menos superstição, festa ou humor, a noite de hoje mais uma vez será vivida por muitos no anseio de bons desejos. É natural e expectável. Quer-se o bem. E que bem assim é. Como tenho este lado que estremece com o demasiado convencional, com as tradições fechadas sobre si, tenho pensado como é que se pode viver de forma diferente esse mesmo de sempre. Pode haver agradecimento do que passou no ano anterior, as pessoas que conhecemos e que foram mais ou menos importantes no caminho. Mas, parece-me, também se pode agradecer esse esvaziar, no fundo, o libertar do que nos oprime e impede ser, tanto ricos de autenticidade, como cada vez mais pobres de (auto-)enganos. Abre-se um novo ano, as estrelas cadentes relembram o imenso do universo. A oração ou a meditação relembram o infinito de nós chamados à mudança, à transformação, à conversão. E o mundo também mudará. Afinal…
“Nas mãos do oleiro
o universo descobre-se
inacabado”
[Poemas de José Tolentino Mendonça]
No comments:
Post a Comment