Alexey Trofimov
Tive uma conversa que me deixou a pensar. “Paulo, há muito que busco acreditar em Deus. Já passei por várias fases, entre a revolta, a queixa e a total indiferença. Cheguei ao ponto do mais óbvio: assumir que não tenho fé em Deus. Do que me apercebo, nunca tive.” Dizer que é alguém que busca a autenticidade de si mesmo e que de ignorância tem muito pouco. Normalmente, sai-me logo aquele desejo de provar, de mostrar os vários níveis de fé, etc. Mas, não… daquela vez sentia nas entranhas que deveria estar em silêncio. Não me apetecia nada estar com respostas argumentativas a provar a fé. De todo o corpo saía silêncio para escutar a verdade daquela pessoa. Nesse silêncio, o meu pensamento acelerava-se: se há o mistério da fé, também há o mistério do não acreditar. Eu vivo o contrário, acho que nunca “não acreditei” e digo-o com liberdade, por já ter passado por muitos momentos de dúvidas que terminaram sempre com a profunda sensação de presença de Deus na minha vida. Não sei se tenho muita ou pouca, não vai de quantidades, apenas sei que sou um homem de fé. É verdade que a pessoa ficou surpreendida com o meu silêncio. Parece que se espera que um “homem de Deus” esteja sempre a provar a existência divina. Naquele momento, percebi que o que podia dar era a minha escuta e amizade. Pediu-me para voltar a conversar.
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