Naing Thu Soe
Cheguei há pouco de uns dias com os alunos do 12.º ano da ARTAVE (a escola profissional de música do complexo escolar onde trabalho). Esta manhã propus-lhes exercícios de corpo e de dança, onde se incluiria muito de trabalho de confiança e autenticidade, com eles próprios e com toda a turma. Mais uma vez, houve verdade. No princípio, surgiram os risos e os olhares que revelam a sensação de ridículo. No entanto, das muitas vezes que propus este tipo de trabalho de corpo, foi aquela em que senti a imensa entrega, de cada um e do conjunto, de forma mais rápida. Alguém, na partilha final de todo o exercício, usou mesmo a expressão de ter percepcionado momentos de limpidez. Houve momentos de gestos limpos, que levaram a olhares de agradecimento e de perdão entre eles. Isto de explorarmos o trabalho de corpo, em territórios desconhecidos, abre muito de nós. Apercebo-me do muito medo que há com o que o corpo pode potencializar e dar a conhecer de quem se é. São séculos de centralizar o conhecimento na cabeça, na “fria” razão, onde se encaminha para a formatação do próprio humano. Quando se habita o movimento, há muita novidade… junto com o despertar do que está abafado por tantos medos, inseguranças, vergonhas.